Entre o fecho e o… fim

O cidadão comum, até mesmo o político, hoje interroga-se sobre o paradeiro da CASA-CE, sobretudo por que é cada vez mais evidente estar a coligação com os dias contados. Caso se venha a verificar, como tudo indica ser inevitável, a desvinculação do secretário nacional da juventude (Nelson Miguel Francisco), por incompatibilidade com os líderes da maioria dos partidos da coligação, o óbito estará no horizonte.

É mais uma ruptura a confirmar ter esta organização caboucos de barro, principalmente, depois da grande ruptura, que originou a saída de Abel Chivukuvuku.

Hoje a organização é uma manta de retalhos esburacados e apodrecidos, incapaz de cobrir todos quantos acreditaram no conto o vigário de que poderia haver transformação depois da saída do antigo líder.

A verdade é que todo o capital acumulado estar a ir para o ralo, com os partidos a trabalharem afincadamente na antropófaga divisão do espólio, distribuindo dinheiro, mandando bugiar o trabalho político pelo país que, supostamente, seria o seu compromisso social.

O actual secretário nacional da JPA (Juventude Patriótica de Angola), Nelson Miguel Francisco, segundo uma fonte do Folha 8, fartou-se das falsas promessas e do pouco trabalho das lideranças partidárias, mais preocupadas na divisão do que resta do bolo (dinheiro) do que na transformação para partido político.

Mariano Nzola disse ao Folha 8, que “volvidos cerca de dois (2) anos, a paridade na CASA-CE foi apenas um artifício para afundar a organização e esvaziar o protagonismo da liderança. Estamos a viver o pior dos momentos, porque a paridade que tanto se desejava não trouxe os ganhos esperados nem a tal harmonia que se defendia para a transformação”.

Por outro lado, o político disse ser esta uma das razões que poderá levar a novas rupturas, sendo mesmo a do secretário nacional da Juventude a que dará o pontapé de saída, “pois como se pode constatar em todas as 18 províncias e 164 municípios, o cenário é de total paralisação, fruto das grandes guerras existentes entre os líderes dos partidos, mais preocupados com o dinheiro do que com os eleitores, que tudo fizeram para eles estarem lá”.

E acrescenta: “Mais grave é que os dirigentes desses partidos, são também, na maioria, candongueiros e incompetentes que não percebem nada de político e nos denominados colégios provinciais, uma réplica do Colégio Presidencial (espécie de bureau político; órgão executivo), são mais órgãos geradores de conflitos nas províncias, motivo bastante para que hoje na mesa do Colégio Presidencial não se discutirem estratégias e acções programáticas, mas apenas as guerras e problemas a nível das províncias, com frequentes pedidos de exoneração, onde o foco maior é sempre a gestão financeira. Todos andam atrás dos dinheiros, ninguém trabalha, por todos acreditarem que o dinheiro deve ser para benefício próprio e não para a organização, tal como fazem os líderes em Luanda, que recebem trimestralmente 8.400.000,00kzs e dividem entre eles, sem se preocuparem com a militância”.

Miau não tem poder

Outra questão grave é de o actual líder não ter protagonismo e estar a ser cilindrado pelos líderes dos partidos que não o deixam trabalhar “e se ele contraria alguma coisa, ameaçam-no do partido ser deles e não dos independentes, que estão lá apenas de favor. Mas infelizmente, nenhum desses partidos é capaz de realizar uma actividade política com as verbas que recebem, fazendo com que o seu estado continue igual ao tempo em que nada recebiam”, acusa Mariano Nzola.

Como elemento de prova do que vem dizendo, o político não tem dúvidas de a CASA-CE ser um projecto com os dias contados se nada for feito, para reverter – rápida e eficazmente – a actual situação.

“A título de exemplo, aquando do aniversário da morte do falecido Eng. Ganga, patrono da Juventude, o secretário Nacional da Juventude, lançou o desafio de ser realizada uma grande actividade de massas com a presença de 14 a 15.000 pessoas, mas em plena reunião, o vice Fele António afirmou sem peso de consciência, ao presidente da coligação, que ninguém se poderia enganar, pois os seus partidos só têm capacidade para mobilizar, entre 100 ou 200 cidadãos. Foi uma vergonha ouvir isso, mas é a realidade”, diz.

Mariano Nzola afirma ainda ser deprimente o papel do actual líder, que está bloqueado sem poder realizar nenhuma acção, “porque os outros não deixam e estão mais preocupados em enriquecer e não realizar nada em prol do povo. Eles não querem a transformação e ponto final. Não há trabalho nesse sentido e a maioria não tem visão política”.

Contactado o secretário nacional da juventude da CASA-CE esse foi prudente nas palavras mas não descartou “haver um certo mau estar nas relações com alguns membros do Colégio Presidencial. Infelizmente eu sempre estive comprometido com a causa dos angolanos, que passa necessariamente se queremos crescer e ser alternativa, com a transformação, daí apoiar e defender sempre as melhores decisões, para este fim”, disse ao F8.

Durante o dia de hoje (11.03) está marcada uma conferência de imprensa onde muito provavelmente, Nelson Francisco colocará o seu lugar à disposição batendo com a porta, “por não mais acreditar que com estas guerras e falta de visão política consigamos chegar a lugar algum. É triste mas tem de ser, pois não se pode estar a engolir sempre sapos”, concluiu Nelson Miguel Francisco.

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